quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Segunda Chance

Como é terrível essa sensação de ser prisioneira de um interminável pesadelo...
É exatamente assim que me sinto, prisioneira de um pesadelo sem fim, que me deixa atordoada, sobressaltada, perplexa em certos momentos e em tantos outros com a sensação de que logo tudo vai acabar, de que vou acordar, vou despertar desse sono e eu abrirei os olhos e direi: “Graças a Deus, eu acordei... era somente um pesadelo!”

Mas os dias vão passando e me provando que este pesadelo ainda não acabou e pior ainda, me dando a certeza de que não é um sonho ruim, é uma realidade amarga que penetrou na minha vida, possivelmente pela porta da ilusão, ou seria desilusão? Não importa o que importa mesmo é que tudo é bem real, a vida me prova isso todo fim de dia, quando deito a minha cabeça no travesseiro e começo a sentir ainda mais intensamente a falta das pessoas que mais amo na vida; é quando a noite chega que traz consigo a culpa, a minha grande e esmagadora culpa...

Estamos de novo no mês que mais me alegrava na minha infância, dias de festa, sorrisos, alegria, corre-corre na pintura e limpeza da casa, preparo de comes e bebes para que tudo ficasse perfeito... Ainda guardo na lembrança, de forma cada vez mais viva e clara aqueles momentos de intensa alegria junto com minha família, meus pais, irmãos, irmãs..., como era tudo tão perfeito... Aquela casa, em meio ao nada, beirando a auto estrada, a BR 230, tão distante da cidade e tão pertinho do céu..., um céu de alegrias que se repetia a cada final de ano, me fazendo sorrir, sorrir e ser feliz... Como eu era feliz, especialmente naquela época de Natal, por isso amo tanto esta época, que para mim é abençoada, diferente, onde emana um poder maior para reaproximar as pessoas, para se dar e liberar perdões... Como amo o Natal!

Mas um dia eu cresci..., aquela menininha cresceu e se tornou uma jovem cheia de sonhos e extremamente romântica e apesar do presente que eu recebi de Deus – UMA FAMÍLIA PERFEITA, da qual eu acabei, mesmo sem perceber, abrindo mão de forma louca e desvairada, buscando ‘ser feliz’... Meu Deus do céu, eu já era intensamente feliz e não sabia!!!

E por causa desse erro imperdoável, até hoje pago um preço muito alto, me tornando prisioneira de um pesadelo sem fim, e mesmo perto geograficamente, acabei impedida de me unir às pessoas que mais amo nessa vida... A MINHA FAMÍLIA! Mais um Natal está as portas, mais um final de ano chegando e consequentemente o começo de um novo ano, para muitos um novo recomeço. Quem dera eu tivesse mais uma chance de ser feliz de novo, ou melhor, quem dera me fosse dada a segunda chance para reconquistar a minha felicidade de volta, quem dera... Estou me convencendo de que possivelmente nunca mais terei essa oportunidade, essa segunda chance...

As minhas lembranças de uma infância feliz todos os finais de ano, em todos os Natais se transformaram numa esperança de que aquela festa se repetisse na minha casa, na minha família, mas eu nunca consegui preparar um Natal e Final de Ano como tive na minha infância, como sonhei..., nunca; e mesmo que para você que está lendo este blog neste momento, isso pareça uma grande bobagem, quero te assegurar que isso não é bobagem, isso são sonhos que sonhei, e que hoje vejo cada vez mais distantes de mim, transformando-me numa mulher triste e saudosa..., muito saudosa.

Desde que me separei da minha alegria, da minha família, nunca mais soube o que é ser feliz, nunca mais a época de Natal consegue me alegrar como acontecia quando eu era menina..., agora todos os Natais e Finais de Ano são motivos de muitas lágrimas, mas não são lágrimas de reflexão ou de gratidão, nem mesmo de alegria, como antes, mas sim lágrimas de tristeza..., uma intensa e contínua tristeza...

Mas se Deus, que é detentor de TODO O PODER, decidir me perdoar e me dar uma segunda chance, fazendo-me finalmente promover, não apenas um, mas muitos Natais alegres como os da minha infância para a minha família, eu talvez não tenha palavras para agradecer, tamanha será a emoção e as lembranças do que parecia uma eterna e infrutífera busca para levar a mesma alegria para meus filhos, para minha família, mesmo já crescidos... Posso assegurar, com absoluta certeza, que as lágrimas que jorrarão copiosamente dos meus olhos serão testemunhas de todas as palavras que eu gostaria de verbalizar mas que certamente serão impedidas pela incomparável, imensurável e indizível alegria daquele momento, que para mim será eternamente imortalizado...

Contrariando as palavras tristes e quase sem esperança desta postagem, me arrisco a fazer um pedido sussurrado e suplicante ao Senhor que tudo pode:
"Senhor..., dá-me uma segunda chance!"

Com carinho,
Helena