segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não Importa















Não importa se tenho tudo ou se tenho todos,
não importa o quanto eu seja abastada ou tenhas posses,
não importa o quanto o meu dinheiro me possa dar,
não importa o quanto sou conhecida ou popular,
não importa o quanto eu seja aqui reconhecida,
não importa nada, tudo isso que aparentemente sacia.

Se eu perder a comunhão com o meu Senhor e meu Deus,
o Criador de céus e terra e de tudo que neles há,
o Deus de abraão, de Isaac e de Jacó.

Se eu tenho a terrível sensação 
de que Deus se afasta de mim
isso sim é realmente ruim...
danoso para a minha vida,
Fatal para o meu coração.

Altamente perigoso para a minha esperança no porvir,
e perda inigualável para o meu existir.

Nada, absolutamente NADA equipara-se ou sobrepuja-se
a presença de Deus em minha vida...
a comunhão com este Deus verdadeiro e único...
a esperança de um dia encontra-LO face a Face...
e viver adorando-O por toda a eternidade!

Um dia tive muito...
um dia tive o que, levada pela ilusão, busquei ter:
Tive o que considerava o necessário para minha felicidade;
mas descobri que, apesar do que consegui,
o que eu realmente precisava eu estava perdendo -
a presença e a paz de Deus na minha vida. E o que fiz?

Entre ter as coisas que eu julguei necessárias para eu ser feliz,
e a presença do meu Senhor, Deus e Pai Celeste,
mesmo sabendo que perderia o que tinha buscado,
eu abri mão de viver com o que julguei necessário,
e decidi expulsar aquela falta de paz...
aquela sensação de que não estava agrandando mais...
aquela terrível angústia de não ser mais ouvida por Ele...
então eu decidi voltar....
e voltei para os braços do PAI!

Como é maravilhoso essa sensação de perdão adquirido,
essa certeza de que agora sou plenamente ouvida...
essa vivência diária com o Senhor de tão infinito amor...
essa paz que excede todo entendimento!

Mesmo em meio as circunstâncias adversas,
diferente do que vivi antes...
Ainda assim, vale a pena, ainda assim sigo adiante.
Compensa enfrentar tudo, 
seguindo sempre em frente,
sabendo que não estou sozinha,
Ele agora se faz presente!

Antes a minha ilusão e a minha decisão
sem que eu mesma percebesse,
se transformou em parede que me impedia
de ve-LO, de ouvi-LO, de senti-LO..., 
e por quê não dizer, de servi-LO.

Hoje..., precisei decidir, parar para refletir
e prestei mais atenção nos 'sinais' 
que Ele sempre mostrou,
e eu não percebi jamais,
tão ofuscada eu estava 
com a minha certeza 
de 'estar sendo feliz',
que, enxergar Suas respostas,
eu realmente não quis.

Hoje sim eu sou feliz...!!!
Não pela facilidade nas coisas de que preciso;
sou feliz simplesmente, pela certeza que tenho
de que, não importam as circunstâncias...
o que realmente importa é que agora 
eu estou segura,
totalmente protegida, 
debaixo da Sua sombra...
no centro da Sua Vontade!

Isso tudo é o que realmente importa...
"Somente" isso..., e nada mais!


Com carinho,

♥Helena♥


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Luto - A dignidade de deixar partir




Este vídeo é bem instigante e até provocador, bem diferente do que imaginamos que trará um vídeo como consolo para quem perdeu alguém que amava... mas ainda assim faz todo o sentido, por isso, e por conhecer a dor que ainda visita, pela perda que feriu o coração, mesmo se passando muito tempo, vale a pena assisti-lo.

É um vídeo para pessoas que sofreram perdas. Pessoas enlutadas. Pessoas que sabem que dor é essa, quando se perde alguém que se ama, num mundo onde pessoas morrem todos os dias. 

Façamos pois o melhor que pudermos fazer enquanto ainda temos a quem amamos por perto, porque quando Deus chamar, não devemos sentir angústia pela culpa, pelo remorso ou pelo que podíamos ter feito e não fizemos..., devemos sim, sentir a paz que vem de Deus ao devolver para Ele o que é d'Ele desde sempre, sabendo que fizemos, falamos e pensamos o nosso melhor para que a sua vida fosse mais feliz; somente assim podemos ter a dignidade de deixar ir, sem arrependimentos, a quem nunca se irá completamente, por ser sempre muito especial e amado para nós.

Quando meu pai partiu, eu não estava por perto, fiquei com ele até a véspera de sua partida para a glória, mas nos dias que antecederam sua partida eu estive sempre presente e me lembro que tive a oportunidade de falar pra ele o quanto nós, seus filhos, netos e todos os que o conheciam o amavam; eu me lembro também de, na visita que lhe fiz na UTI, quando ele precisou ser socorrido por complicações na sua respiração, por causa da doença que o degenerava, eu lhe falei, ao seu ouvido, que ele era muito amado, e que seja o que for que ainda o prendia a todo aquele sofrimento, de uma coisa ele podia ter certeza absoluta, mamãe, a sua esposa e companheira, já o havia perdoado por tudo o que havia acontecido de ruim entre eles porque sempre o amou! E eu lembro que falei isso com tanta convicção que acho que meu pai entendeu que era mesmo verdade, e eu lhe disse também que se todos os filhos não estavam presentes ali, naquele momento, não era porque não o amavam e sim porque numa sala de UTI, onde ele estava, não era permitido muitas visitas e que somente eu e Graça estávamos ali, porque naquele domingo, éramos nós duas quem ficaríamos com ele no quarto daquele hospital (Memorial São Francisco), porque sempre haveria revesamento enquanto ele estivesse internado, e como se tratava de UTI, não poderia entrar todos os seus filhos; falei também que mamãe não estava ali ao lado dele, porque ela ficou em casa, pois ele estava no quarto do hospital e não havia quadro para UTI, mas que por uma emergência, devido a complicações que ele teve, acabou indo para aquele lugar, de forma inesperada, mas que mamãe estava orando por ele; expliquei pra ele que, ele sabia que, pela idade de mamãe e pela distância e pela circunstância que nos surpreendeu a todos, ela não podia estar ali. 

Acredito realmente que meu pai entendeu cada palavra que eu 

falei ao ouvido dele naquele momento de dor, e acredito também que ele ouviu o que queria e precisava ouvir antes de partir... eu realmente acredito nisso. Foi um quadro triste demais... Não me perguntem onde eu encontrei forças, controle e serenidade para permanecer passiva diante daquela situação de dor e sofrimento daquele homem que sempre me amou tão profundamente - o meu pai.

Eu morava em Vitória-ES, e tinha ido visitar meu pai pela gravidade do estado de saúde dele. Meu pai sofria do mal de Alzheimer, complicado pelos AVC's que sofreu; ele já não falava, mas entendia tudo; ele  já não andava..., estava completamente dependente após quase nove anos sendo roubado de nós por essa maldita doença, que lhe usurpa até mesmo as suas melhores  lembranças... 


Ele estava até dois dias atrás, bem instalado em sua própria casa, sendo cuidado amorosamente por minha mãe e minha irmã, de forma direta, e por outras pessoas da família quando sobrava algum tempo, nessa vida sempre corrida de trabalho, família e compromissos pessoais; tudo estava 'normal', dentro das possibilidades do normal diante daquela circunstância, até o momento em que percebemos que ele não estava muito bem e que precisava de um acompanhamento médico mais próximo, apesar das visitas semanais de médicos até nossa casa.

Então, tivemos que fazer a escolha que mais doía, especialmente na minha mãe, que sempre, declaradamente foi apaixonada pelo meu pai, apesar de mais de meio século de casamento e apesar de todas as tempestades que fizeram parte da vida a dois, ela nunca considerou a mínima possibilidade de divórcio, sempre suportou tudo... por amor, sincero e devotado amor. Após uma visita da médica, a mesma aconselhou que deveríamos internar meu pai, o quadro clínico dele realmente inspirava maiores cuidados, como nunca antes, e após falar com minha mãe, explicando toda situação, ela concordou, não sem dor, não sem sofrimentos por ter que se separar do homem a quem ela sempre amou, desde que se conheceram e se casaram, a quem foi fiel em todo o tempo, aquele homem que lhe deu nove lindos filhos, a quem ela ama com dedicação e amor sem igual, como se ainda fossem seus pequeninos, apesar de todos adultos, casados e com vidas independentes... Mas ela foi aconselhada a permitir a internação do meu pai, pois caso ele precisasse de ajuda no meio da madrugada, a dificuldade de leva-lo ao hospital poderia deixar sensações muito duras de culpas e não queríamos guardar a impressão de que podíamos ter feito mais por ele...Foi assim, que ligamos para a Ambulância-Hospital que chegou minutos depois e após ser novamente examinado pelo médico responsável pela equipe eu fui chamada a um canto da garagem, longe dos olhos da minha mãe e ouvi do mesmo a seguinte afirmação: "Olha, não queremos falar perto da sua mãe, pois percebemos já o quanto ela é apegada ao marido, ao seu pai, mas temos que lhe dizer que, pelo grave estado clínico do seu pai, pode ser que ele vá para o hospital e... não volte vivo para casa; vocês precisam estar cientes disso antes de liberarem a ida dele", ao que respondi: "Sim, nós sabemos dessa complicação e possibilidade, mas sabemos também que não podemos deixar ele aqui, sabendo que numa urgência ele poderia não ter tempo de chegar ao hospital." 

Depois disso, fui falar com minha mãe, que estava sentada na mesa da cozinha, junto com minha irmã Nice, e expliquei a situação, da forma mais natural possível, para não choca-la tanto..., ela entendeu e autorizou a ida dele para o hospital... 

Depois de alguns dias, após a partida do papai, ela nos confessou que, quando o viu saindo naquela maca e entrando naquela ambulância, ela sentiu, bem no fundo do seu coração, que aquilo era uma despedida e que ela não o veria mais com vida, e que não podia fazer nada para evitar aquele momento...


Eu me lembro que a minha mãe permaneceu,durante todo o tempo da retirada do meu pai na maca, sentada na mesa da cozinha, de onde tinha visão de todo o movimento no quarto e na sala..., ela estava chorando, mas sempre serena..., sem alterar o choro e nem deixar transparecer toda a dor que sentia com aquela certeza, até então não conhecida por nós, de que ele não voltaria com vida para perto dela de novo...


Acompanhei o meu pai junto com a equipe médica até o hospital, onde  minha irmã Graça já nos esperava. Dois dias depois, com toda complicação no quadro dele, após o seu banho matinal, percebi que ele não estava respirando bem, os lábios mudaram de cor e eu avisei pra minha irmã, ela ficou muito angustiada e chamamos imediatamente a enfermeira e em menos de cinco minutos aquele quarto estava tomado de médicos e enfermeiros, parecia que a equipe toda daquele plantão estava ali naquele momento, foi então que percebi que era mais grave do que eu imaginava... e foi assim que, horas depois, eu estava ali, naquela sala de UTI, junto com Graça, visitando o meu pai no horário permitido, não antes de uma longa e dolorosa espera na frente da porta de acesso daquele lugar que transmitia horror e sofrimento.

Ao entrar naquela UTI, lembro-me que fiquei muito chocada ao me deparar com meu pai, especialmente pelo acesso via aorta para sua medicação. Eu estava com viagem marcada para o dia seguinte..., eu já estava pensando em adiar pela segunda vez a minha volta pra Vitória-ES, mas minha irmã aconselhou-me a esperar pela visita do médico e ver o que ele dizia sobre nosso pai e foi o que eu fiz; quando o médico veio até nós naquela minúscula sala e nos assegurou que tudo foi apenas um susto e que o quadro de nosso pai não é mais de UTI e que no dia seguinte ele voltaria para o quarto normal, aí resolvi não adiar mais a viagem de volta porque já havia adiado uma primeira vez e porque cri realmente no parecer médico. É bem certo que eu não pensei que meu pai fosse sair do hospital logo, mas que, fora da UTI, ele seria mais visitado e em breve retornaria pra casa e que eu teria outra oportunidade de voltar a vê-lo com vida..., ledo engano...

E foi assim que eu tomei aquele avião de volta para casa, naquela madrugada de segunda-feira..., sem saber que, após chegar em casa, uma hora depois... receberia aquele telefonema tão triste, com minha filha me dizendo: "Mamãe, Jesus levou o Vovô Victor."... E eu não estrava ao seu lado..., eu não estava lá...

Quando alguém a quem amamos morre é muito triste, mas quando alguém a quem muito amamos e que muito nos amava se vai e não estamos por perto..., isso é..., é muito difícil falar, escrever... sentir... infinitamente difícil... 

Mas eu sinto, com certeza no meu coração, que eu estive lá quando ele precisou ouvir de mim o que lhe falei sobre o amor que todos nós, especialmente minha mãe, tem por ele; quando lhe falei do nosso perdão, do perdão dela..., do perdão de Deus..., sei que ele entendeu..., sabe porque sei disso? Porque lembro que quando entrei ali naquela UTI, o semblante de meu pai estava tão pesado de dor, como se ele soubesse que não lhe restava muito tempo..., como se quisesse se redimir por qualquer sofrimento causado a sua família, mesmo sem nenhuma intenção..., e após 'conversar' com ele, mesmo num breve e necessário monólogo, onde lhe assegurei do amor de toda a sua família por ele e após justificar a ausência dos outros filhos e da sua esposa que tanto o amava..., após nossa 'conversa', cantamos também hinos para ele, o que me veio a mente naquele momento (neste momento não me lembro qual foi), mas ao sair dali, o semblante do meu pai não era mais pesado e angustiado, os olhos dele transmitiam paz... entendimento, compreensão do que lhe falei..., isso me fez sair dali muito serena e segura de que eu havia feito o que fui fazer naqueles dias com ele, e que nem eu mesma sabia..., mas ele compreendeu, entendeu e creu nas verdades que lhe falei..., isso é realmente o que importa. 


Imagino que somente assim, ele parou de lutar e se entregou ao chamado de Deus, sem culpas, sabendo-se amado e perdoado de verdade, mas acima de tudo, sabendo-se perdoado por Deus. É assim que creio, eu realmente creio nisso, e é assim que vejo o real motivo de eu estar ali naquele momento e não estar ali quando ele partiu...


Depois me lembrei, quase sem querer, que eu sempre pedia ao Senhor para não ter que ver meus pais no seu último momento, dentro da urna funerária, pois não queria guardar essa lembrança de nenhum deles..., foi isso! Foi por isso que Deus não me permitiu estar ali e guardar a visão do meu pai assim. Eu fui a única filha que não esteve presente no seu sepultamento, que aconteceu na cidade onde ele nasceu, interior da nossa Paraíba, uma linda e  acolhedora cidade com ar de cidades do sul do Brasil, chamada Solânea; minha mãe falava que ele tinha comentado em vida que queria ser enterrado ao lado dos seus pais, e foi o que fizemos como família; eu soube, posteriormente pela minha mãe, que ele estava muito sereno, com o seu semblante em paz..., se ela percebeu isso, mesmo sofrendo grande dor pela perda e separação do seu amado marido e companheiro de tantos anos, certamente a serenidade e a paz que cobria a face do meu pai era mesmo real. Isso me bastou para aceitar sua partida com completa serenidade e submissão a soberania de Deus.


By: Helena Costa